5.7.07

PARA AQUELES QUE VIVEM LONGE DE CASA (leia-se a terrinha natal)

  • "Eu sempre acho que, tão logo deixamos para trás as fronteiras do país onde nascemos e até estarmos realmente conformados aos contornos da nova realidade, nossa percepção do mundo passa a funcionar num modo alterado, algo nebuloso, algo entorpecido, algo onírico. As imagens do dia-a-dia estrangeiro vêm e vão antes que as possamos seguir, apreender, registrar. Então surgem as pessoas familiares com rostos desconhecidos, as ruas de sempre que levam aos lugares de nunca, os diálogos cotidianos perfeitamente improváveis, as cenas que se repetem sempre diferentes, como se sonhássemos tudo o que vivemos. A memória do dia que acaba vai se partir em mil pedaços desconexos e seus significados vão evaporar antes que amanheça o novo dia. E assim, tontos, demoramos a encontrar um fio que nos conduza para fora do labirinto de impressões vagas, reticentes, inconclusas.
  • Mas afinal, o começo da vida fora de nosso meio habitual é mesmo assim. Conhecer um país superficialmente é como admirar um aquário. Ir viver naquele país é como se mudar para dentro do aquário. E você então percebe que só vai começar a entender aquele lugar quando aprender a respirar debaixo d'água e conversar com os peixes. Por enquanto, meus amigos, eu ainda estou longe de conseguir essa proeza e há um sem número de coisas que minha compreensão não alcança nestas paragens. Mas não, eu não quero tecer análises. Deixem-me só compartilhar com vocês minhas impressões vagas, reticentes,inconclusas."
  • (http://hemidong.multiply.com/journal/item/3)

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